Desafio da mídia digital é ter modelo com sustentabilidade
O maior desafio da mídia digital é descobrir ou inventar um modelo de negócios que sustente a qualidade do jornalismo online e rompa com a dependência econômica das mídias tradicionais. Esta foi a conclusão do seminário “Os Jornais e a Internet – para onde aponta o futuro?”, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) no auditório da Folha de S. Paulo, na terça-feira (13/11).
Palestrante do painel “Perspectivas de manutenção do modelo editorial offline no mundo online”, integrante da segunda metade do evento, o presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Jornalismo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Elias Machado, lamenta que a mídia digital ainda aplique a fórmula de publicidade dos meios impressos com a simples venda de espaço publicitário.
“Não é verdade que não se pode ganhar dinheiro com a internet, a lucratividade só precisa ser descoberta”, afirma. E dá uma pista de onde pode ser encontrada a sustentabilidade comercial.
“Temos que nos inspirar no entretenimento. As pessoas pagam para se divertir, veja o exemplo do Big Brother (programa da TV Globo): quem financia o programa não são os anunciantes, são os telespectadores. Com os R$ 0,30 de cada ligação para votar, a Globo arrecada R$ 12 milhões em cada paredão. O caminho para a lucratividade é por aí”, ensina.
O fortalecimento das marcas e a diversificação de produtos também foi apontado por Machado como uma das formas de sustentar uma mídia digital de boa qualidade. “A Reuters mostra que a venda bruta de informação é uma prática ultrapassada. Apenas 5% de sua receita vêm da venda de notícia, os outros 95% vêm do oferecimento de produtos muito específicos para clientes variados.”
Outro dilema da mídia digital é a abertura do conteúdo. A maioria dos sites de notícia no país são apenas plataformas de suporte aos jornais, que pagam a conta. “Os jornais ainda são a vaca leiteira”, afirma Machado.
Os casos de sucesso aparecem tanto na estratégia de abrir o conteúdo quanto na de mantê-lo restrito a assinantes. As práticas dependem apenas das intenções do veículo e estão submetidas aos interesses comerciais da empresa e até da disposição do público leitor.
Ao mesmo tempo em que o jornal A Gazeta abriu todo o conteúdo na internet e obteve sucesso, sendo o segundo veículo regional mais acessado da Globo.com, A Tribuna, de Santos, decidiu fechar o conteúdo para proteger o jornal impresso e até em um sinal de respeito ao assinante do veículo. Ambos afirmam estar satisfeitos com os resultados de suas estratégias.
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