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Manovich chama de “Remixability”, ou “Remixabilidade”, a mistura, combinação e recombinação da informação, do conhecimento e dos recursos e caminhos para a distribuição deste conhecimento na sociedade.

Ele usa como exemplo de recursos e produtos dessa remixabilidade as ferramentas de interação da Web 2.0: RSS, BLOGS, Listas de discussões via email, tagging e outros serviços e tecnologias como bluetooth que amparam essas trocas.

Para ilustrar melhor como se dá o processo comunicacional que resulta nessa remixabilidade, ele usa a metáfora da estação de trem: se o modelo de comunicação do século XX era descrito como um movimento de informação que saía de um emissor e alcançava um receptor, na cultura contemporânea, com advento da hipermídia, a informação ou “objeto de mídia” (Manovich) se tornou um vagão e o receptor uma estação que recebem vagões que reciclam os conteúdos que posteriormente são redistribuídos. Traduzindo, o sujeito que antes se configurava como um receptor passivo ou dotado de potencial de interpretação de conteúdo, agora além de receber e reciclar os “vagões” ele também pode configurar “novos vagões” e encaminhá-los para outras viagens através das redes de conexão da hipermídia. No entanto, Lev ressalta que o remix não é uma novidade da era computacional. A sociedade sempre remixou o conhecimento ou “as culturas”: Roma antiga remixou a Grécia antiga, a Renascença remixou a antiguidade.

Lev coloca que existe semelhança nos processos de remixabilidade de uma edição de texto com várias referenciações e a utilização de samples diversos na constituição de uma música, como são produzidas as chamadas músicas eletrônicas. Lev compara o uso de samples ao uso dos “módulos computacionais” da web 2.0, por exemplo. Esses módulos seriam mais um vagão de trem que colocamos para circular na rota dos fluxos informacionais.

O conceito de modularidade vem da área da computação e significa “construção de processos ou produtos a partir de pequenos subsistemas (módulos) que podem ser desenvolvidos individualmente, mas que funcionam como conjunto integrado”, cuja característica principal é a facilidade de conexão com outros sistemas e a reusabilidade.

Portanto, para Lev, como exemplo de modularidade fora da plataforma computacional, um combinado de agrupamentos de informações comporiam um módulo. Um CD dividido em tracks seria um módulo, por exemplo.

Para comparar as diferenças entre a modularidade pré-computacional com a modularidade pós-computacional Lev usa a metáfora do LEGO, onde peças possuem formatos que induzem a como elas serão “encaixadas”. Nesse caso, o formato final pode ser fechado, pré-definido, conduzido e limitado. Apesar de poderem reproduzir essas características de facilidades de conexão entre módulos a partir de formatos, os módulos da tecnologia digital teriam potenciais ilimitados de configuração de propriedades conforme os objetivos a que eles se propusessem. Ao mesmo tempo em que eles podem ser usados para conformar ou reafirmar um formato, eles também podem ser usados para deturpar os mesmos através de recombinações e hibridizações entre eles.

Como isso acontece? Para ter essa flexibilidade na “forma” ou configuração do módulo é preciso lançar mão dos recursos de linguagem novamente. Através da programação em linguagem computacional os módulos da rede se tornariam mais flexíveis e maleáveis. Quanto mais domínio dessa linguagem, mais controle sobre os módulos o sujeito tem e assim poderá personalizá-lo de acordo com seu interesse. Estamos falando aqui desde os feeds, CSS, RSS, Java Script, gadjets de redes sociais de internet até ferramentas de blog como wordpress e joomla.

Portanto, apesar de ser fato que os módulos podem conformar algum padrão de linguagem e cognição, ao mesmo tempo eles também permitem serem recriados, recombinados, adaptados para fins diversos.

Questões que ele coloca:

1. Poderiam as bibliotecas de amostras ou módulos, sejam de samples de fotos, sons, imagens, gadjets se homogeneizarem com os ditos trabalhos culturais “autênticos”?

2. Será que teremos uma produção em série de módulos pensados para ser usados como encaixe, de característica neutra? Isso não provocaria uma padronização cognitiva que poderia limitar nosso pensar criativo?

Reflexões que eu coloco

1. Seriam os módulos que tanto nos fazem a alegria na web 2.0 predecessores de um futuro sistema de gargalos comerciais na internet?

2. Seriam os amadores capazes de atuar em patamar próximo ao de “profissionais” a partir da apropriação desses recursos de web 2.0 e softwares-gadjets modulares?

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